sábado, março 03, 2007

Maria (Poema Sertanejo)


Heitor Gomes


A história que agora vou contar,
se deu num outro lugar.
bem dentro do Interior,
distante da Capital.

Trabalhava na fazenda,
do seu “dotô” Sebastião,
homem sério e direito,
ali ganhava meu pão.

Trabalhava também na fazenda ,
“Seu” José, o capataz.
Que tinha uma “fia” linda,
que tirou a minha paz.

Quando a vi pela primeira vez,
não consegui acreditar.
Foi tanto amor que se fez,
meu coração queria do peito saltar.

Seu nome era Maria.
Nome da Virgem Sagrada.
Mas para mim era igual,
era o nome da minha amada.

Um dia criei coragem,
falei a ela do meu amor:
E se ela não casasse comigo,
aumentaria a minha dor.

Então Maria me disse:
-Que “nóis” podia se “casá”,
se seu pai autorizasse,
“nóis subia” no altar.

Falei então pro seu pai,
da Maria e do nosso amor.
Ele aceitou o pedido
e o casamento autorizou.

No dia do casamento,
rezei a Virgem Sagrada,
que abençoasse nossas vidas,
a vida da minha amada.

Depois de casado,
“seu dotô” Sebastião,
homem sério e direito
e de bom coração.

Me arrendou um pedaço de terra,
“pra nóis pode trabaiá”.
Fazer nosso pé de meia
e o futuro planeja.

Bem no meio do chão arrendado,
fiz uma cabana enfeitada,
com as parede e porta pintada,
pra minha Maria morar.

“Nóis vivia” feliz e contente.
Já tinha uma grande criação:
De galinha, porco e cabrito
e a colheita da plantação.

Maria tava prenha,
de um lindo garotão
Nosso primeiro “fio”,
era um “fio” varão.

Quando ele nasceu,
“nóis choro” de felicidade.
Agradecemos muito a Deus,
por toda sua bondade

Mas um dia o destino,
cruel e traiçoeiro.
fez um danado em nossas vidas,
trazendo grande desespero.

No momento que trabalhava
carpindo o matagal,
Maria foi lavar roupa no “corgo”,
sem pode imaginar,
que a partir daquele dia,
nossas vidas ia mudar.

Maria lavava roupa,
“subiando” feliz e cantando,
cuidando também de nosso “fio”,
ali bem perto brincando.

Naquele instante porém,
tão feliz de nossas vidas.
Maria se mexeu e por
uma cobra foi mordida.

Nesse instante então,
sem saber o que se passava,
meu coração se enchia no peito,
de um angústia danada..

Logo pensei na Maria,
que de mim estava distante.
Será que aconteceu alguma coisa,
com ela naquele instante?

Então saí correndo,
doido e desesperado,
cortando roça adentro,
perdido e desorientado.

Senti no coração,
que Maria não estava bem
e tinha acontecido alguma coisa,
com nosso “fio” também.

Quando ia me aproximando,
do local amaldiçoado,
ouvi meu filho chorando,
ao lado do corpo estirado

Corri abracei meu filho,
bem forte contra o peito.
Pois não queria aceitar,
a “disgraceira” que já estava feito.

Ao ver a minha Maria,
ali morta sem vida.
Pensei então nessa hora,
que seria de mim agora ,
sem a minha querida.

Hoje tanto tempo passou,
meu filho cresceu,
“inté” moço ficou.
Mas na minha vida,
a saudade é a mesma.
Pra mim o tempo,
até parece que parou.

Agora sou velho e cansado.
Amargurado com tanta dor.
Nunca esqueci a Maria,
meu único e grande amor...

Nenhum comentário: