sábado, fevereiro 17, 2007

Racismo


Heitor Gomes

Eu sou negro e pobre,
Mas honesto e trabalhador.
Não tenho nenhuma riqueza,
Nem tampouco sou doutor.

Tenho guardado no peito,
A força de um grande amor.
Que me faz enfrentar o mundo,
E suportar todo dissabor.

Não pedi para ser negro,
Ter a cor da pele diferente.
Mas o sangue de minhas veias,
É igual de toda gente.

Não entendo esse racismo,
Porque tanta discriminação?
Se todos somos filhos de Deus,
Temos a mesma filiação.

Para mim é tão difícil,
Tudo muito complicado.
Por eu ser diferente,
Me sinto discriminado.

A mulher que eu amo,
Por quem dou a minha vida.
Devido a nossa desigualdade,
De me ver, está proibida.

Ela é branca e muito linda,
Filha de família tradicional.
Só porque sou negro,
Dizem que sou totalmente do mal.

Nos amamos reciprocamente,
Esse é o nosso compromisso.
Mas são todos hipócritas,
E ninguém aceita isso.

O amor não tem fronteiras,
Muito menos segregação.
Amor é o sentimento da alma,
Que brota no coração.

Estou triste e desolado,
Por causa do meu amor.
Só porque ela é branca,
E eu um cidadão de cor.

Não consigo fazer nada,
O poder é absoluto.
Nada posso contra a maioria,
Com valores tão dissoluto.

Mesmo que eles nos separem
e me assole o desamor.
Jamais perderei a esperança,
De ser feliz com minha flor.

Por que apesar de ser negro,
Sou um homem de valor.
Ganho a vida honestamente,
E sou muito trabalhador.

Não tivemos nenhuma chance,
Nosso amor foi destruído.
Sua família me repudia,
Como se eu fosse um proscrito.

Já estou me acostumando,
Com essa sociedade errada.
Por causa do preconceito,
Fui impedido de ver minha amada.

Mas a vida continua,
Infelizmente vou ter que aceitar.
Preto é preto, pobre é pobre,
E não adianta reivindicar.

Ela partiu para sempre,
Mudou-se para outro país.
Meu coração está sofrendo,
Nunca mais serei feliz.

Se um dia tornar a vê-la,
Fingirei que não a conheço.
Ela pode estar casada,
E esse sofrimento, eu não mereço.



Tudo pode acontecer,
Ninguém sabe do futuro.
Entre nós nada mais resta,
Só um vale escuro.

Sou obrigado a aceitar,
E ser um homem resignado.
Ser transigente com tudo,
Mesmo sendo apaixonado.

Serei sempre um condenado,
Sem cometer crime nenhum.
Dentre todos os excluídos,
Apenas sou mais um.

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