domingo, janeiro 21, 2007

O poeta das multidões


Heitor Gomes

Eu sou o que não deu certo,
o filho pródigo do Senhor,
a jornada mais inglória,
o sonho que não concretizou.

Fruto de um ventre provecto.
Esperança da mãe gentil.
Semente pútrida no sepulcro,
decepção da família varonil.

Comi todo o peito do frango,
deixei o osso da carcaça,
fui expulso da "Santa Ceia",
legado a ignomínia de uma raça.

Nunca usei uma toga doutoral,
por isso não habito o “Reino Encantado”
Vivo a vida criando sonhos,
sou um picareta sagrado.

Vendo isso vendo aquilo,
vendo sonhos e ilusão.
Vendo a minha mentira
e engano o seu coração.

Nunca fui laureado,
jamais tirei um dez.
Sou mais um na multidão,
dentre tantos infiéis.

Sou um grande sonhador,
num lodaçal de ilusão.
Repleto de misticismo,
dejetando sagrada maldição.

Escrevo os idílios da vida:
Alegrias, tristezas e desilusões.
Sou a trombeta do povo.
Sou o poeta das multidões.

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