domingo, fevereiro 11, 2007

Cela fria


Heitor Gomes

Hoje nesta cela fria,
na solidão deste lugar,
penso nela a todo instante,
sem saber onde está.

Ela era o meu amor,
mais que tudo neste mundo.
Por ela era capaz de tudo,
pra satisfazer seus desejos
mais profundos.

Quando a vi pela primeira vez,
me apaixonei perdidamente,
declarei logo o meu amor,
ela correspondeu imediatamente.

Passamos a viver juntos,
éramos um belo casal.
Ela era muito meiga,
linda e sensual.

Quando amigos me falavam,
tentando me alertar,
para ficar mais atento,
no seu modo de se comportar.

Ela tinha atitudes estranhas,
diferentes e esquisitas.
E que eu tomasse muito cuidado,
com o futuro de nossas vidas.

Mas eu cego de amor,
não queria perceber,
que por trás de tanta beleza,
tinha algo a esconder.

Ela saia freqüentemente,
Sem ter hora de voltar.
Mas sempre se desculpava,
antes mesmo de eu perguntar.

Seus gastos começaram aumentar,
sempre e sempre cada vez mais.
Se perguntasse se fazia algo errado,
me respondia de chofre, jamais.

Aumentava o meu trabalho,
cada hora cada dia.
Para ganhar mais dinheiro,
pro seu luxo e mordomia.

Um dia eu estava triste,
cansado e muito preocupado.
O dinheiro estava no fim e,
eu ficara desesperado.

Chamei-a e falei francamente,
que o dinheiro tinha acabado.
Ela me olhou friamente e
falou que estava tudo terminado.

Pedi que não fosse embora,
chorei, muito amargurado.
Supliquei que ficasse comigo,
não me deixasse abandonado.

Ela então me olhou altiva,
muito fria e calculista.
Disse: se eu não arrumasse dinheiro,
para sempre a perderia de vista.

Depois do desespero,
passando o grande susto,
disse que daria um jeito,
nem que fosse a qualquer custo.

Ela disse que ficaria,
aguardaria o dia inteiro.
Esperaria que eu voltasse,
trazendo algum dinheiro.

Sai apressado pra rua,
perdido e desorientado,
sem saber o que fazer,
pra cumprir o combinado.

Procurei um conhecido,
de má índole e má fama.
Perguntei o que fazer,
para conseguir alguma grana.

Me falou que seria fácil,
trabalho leve e gostoso.
era só atender alguns “clientes”,
seria tudo muito prazeroso.

Bastava entregar algumas
mercadorias,
estava tudo dentro do esquema,
os clientes ficavam satisfeitos,
sem maiores problemas.

Eu que precisava tanto de dinheiro,
para conquistar a minha amada,
nem podia imaginar, que naquele
momento, estava entrando numa
grande enroscada.

Fui fazer o tal trabalho,
com alegria e satisfação,
para que os problemas financeiros,
tivessem uma definitiva solução.

Encontrando o tal cliente,
fiz o que me tinham mandado.
Entreguei a tal mercadoria,
conforme o combinado.

Nesse momento então,
percebi que não estava só.
Um grupo de policiais me cercou
e, gritaram todos sem dó.

Não se mexa e mão na cabeça,
traficante sem coração.
Você agora está perdido,
Seu futuro será na prisão.

Aí então que percebi,
tudo tinha sido em vão.
Amei loucamente uma mulher,
que nunca teve coração.

Por esta insensata paixão,
pusera tudo a perder.
Perdi toda a minha vida
e muito ainda poderia sofrer.

Pois quem acreditaria,
que não sou nenhum bandido.
Tudo que fiz foi por amor,
para que ela ficasse comigo.

Hoje, tanto tempo se passou.
Vivo triste e solitário, nesta cela fria,
que nem gelo.
Nunca mais soube notícias suas e nem
o seu paradeiro.

Não sei quanto tempo ainda,
ficarei nesta prisão
Perdi os amigos, os parentes,
os sonhos e toda minha ilusão.

Quando chega a solidão da noite,
o frio congela minha cela...
Meus pensamentos então divagam,
buscando a presença dela.

Para onde teria ido?
Foi embora, deixando somente
a dor.
Mas, o que mais aumenta meu
sofrimento,
é a falta que sinto do seu amor.

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