domingo, fevereiro 11, 2007

Amor bandido


Heitor Gomes

O escritor Nélson Rodrigues escreveu que toda mulher normal gosta de apanhar; exceto as anormais. Então pergunto: a lei Maria da Penha, que pune os homens que agridem suas companheiras foi criada para proteger quem?

Vejo que as “anormais”, sempre que percebem um desvio de conduta de seus companheiros, caem fora, enquanto as “normais” vivem querendo recuperá-los. Fiquei sabendo por prestador de serviços num centro de reclusão que as visitas freqüentes a estes tipos de réus, são as próprias vítimas.

Imaginem, caro leitor, a mulher toma um “coro” daqueles, fica toda cheia de hematomas, corre à policia dar queixa, o delegado manda prender o execrável canalha. Até aí, tudo bem, o problema é que, quem vai levar lanchinho, carinho e outros inhos é a própria vitima. Dá para entender?

Agora a moda entre as meninas “normais” é ir arrumar namorados nos presídios. Passam a semana inteira batalhando uns trocados para domingo levar guloseimas de todas as espécies a seus ternos apaixonados. Falem a verdade, não é meigo?

Vendo uma reportagem na TV, fiquei sabendo que o campeão de recebimentos de cartas apaixonadas é o famigerado maníaco do parque. Lembra-se dele? Assassinou com requinte de crueldade várias jovens. Agora um grande número de mulheres “normais” quer recuperá-lo e torná-lo seu príncipe encantado. Não é de doer?

Uma vez assistindo ao extinto programa do Ratinho no SBT, vi uma reportagem feita na delegacia de polícia sobre companheiros violentos. Chamou à atenção do repórter uma mulher, recém-chegada, entrar toda machucada, com o rosto disforme de tantos murros que levou.

O apresentador Ratinho ficou revoltado e pediu que a colocassem no ar para entrevistá-la.

-Então minha filha, o que aconteceu?

– Sabe, Seu Ratinho, é meu marido que bebe muito, sofro com ele há anos, todas as vezes que enche a cara, chega em casa me batendo, até cheguei a ficar internada vários dias.

O Ratinho revoltado fez até uma retórica contra esses tipos de homens. Voltando à mulher comentou:

- Bem, minha filha, agora esse vagabundo ficará preso e você terá tempo de cuidar da sua vida.

–Você não pretende voltar com ele?
E ela respondeu:

- Claro Seu Ratinho que sim, ele é meu marido eu não vivo sem ele, só quero dar um susto e depois levá-lo para casa.

O Ratinho ficou bravo e só não a chamou de santa.

Por isso, quero aqui, deixar uma mensagem a todas as mulheres “normais”: não há nenhum problema em deleitarem-se nos orgasmos múltiplos com seus amores bandidos, mas depois, por favor, curtam seus hematomas sozinhas, sem procurarem a delegacia da mulher.

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