segunda-feira, janeiro 29, 2007
Minha bestialidade
HeitorGomes
Tomei soro à manhã inteira,
à tarde fui trabalhar.
Tomei injeção pra dor
e nem pude repousar.
Gritei um grito calado,
um choro amargurado.
Sem amparo sem amigo,
o coração todo lanhado.
Renegado como um proscrito,
crendo na incredulidade.
O medo exorbitava na alma,
fecundando a insanidade.
O grito mudo e calado,
era meu único amparo.
A fé na descrença Sagrada,
que meu corpo voltasse pro barro.
Mas o barro rejeitou,
infame e pérfida inutilidade.
Hoje sou um sobrevivente,
sem amor, um delinqüente,
que canta aos quatro ventos,
a sua bestialidade.
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