
Heitor Gomes
Vou falar da prima Vera,
moça séria e dedicada.
Por ser a única filha,
era por todos paparicada.
Seus pais trabalhavam na roça,
sozinha em casa ela ficava.
Cuidando dos pequenos afazeres,
preparando o a comida sagrada.
Seu futuro será outro,
era o desejo da família.
Ser uma boa professora,
e de um bom partido, ser escolhida.
Mudou-se para a cidade,
para fazer o curso normal.
E ter o seu certificado,
de professora de nível ginasial.
No dia da formatura,
a felicidade era total.
Os pais estavam radiantes,
pois o sonho tornou-se real.
Naquele momento de alegria,
prima Vera emocionada,
confessou aos pais queridos,
que estava apaixonada.
Mas também muito arrependida,
sem saber o que fazer,
num momento de falsas juras.
tinha sido deflorada.
E agora com dois diplomas,
um na mão outro na barriga.
O poeta escafedeu-se,
deixando somente a intriga.
Seus pais não perdoaram,
tamanha ignomínia,
expulsaram a prima Vera,
pra bem longe da província.
Tantos anos se passaram,
prima Vera virou flor.
És a rosa mais vendida,
na casa de luz vermelha,
onde se comercializa o amor.
Professora culta e educada,
fluente com bom português,
é das flores a mais cara e
ainda escolhe o freguês.
Prima Vera voltou por cima,
rica e bem amparada.
Seu filho hoje é doutor
e é por todos respeitada.
Orgulho da sagrada família,
principalmente dos pais velhinhos.
Primavera é nome de flor,
que enfeita, perfuma, mas está sempre sozinha.
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